Comprometimento de patência de via aérea: por que acontece? O que tem a ver a caneta BIC com o protocolo de decanulação da traqueostomia?

Comprometimento de patência de via aérea: por que acontece?

Um dos requisitos para o paciente conseguir se ver livre de um traqueóstomo – ou seja, ser decanulado – é: ele precisa ter patência de via aérea. Mas o que é isso?

Então, continue lendo para descobrir!

O que é a patência de via aérea?

Patência de via aérea diz respeito a passagem livre e desobstruída do fluxo de ar dos pulmões até a boca e o nariz.

No paciente traqueostomizado, avaliamos a patência ocluindo com nossos dedos a cânula de traqueostomia. Nesta condição, o paciente, com boa patência, deve ser capaz de tolerar a oclusão sem sinais de desconforto.

No momento do teste de oclusão, utilizamos também um estetoscópio, o qual nos possibilitará ouvir o fluxo de ar tanto na inspiração quanto na expiração. Então, em caso de não conseguirmos ouvir este ar “entrando e saindo”, devemos pensar que este paciente pode ter comprometimento da patência de via aérea.

Uma causa do comprometimento de patência

Uma dentre as várias causas do comprometimento de patência de via aérea é quando nós temos um traqueóstomo grande para o tamanho daquela traqueia.

Clinicamente podemos fazer suposições do que pode estar comprometendo a patência, e vale ressaltar que o calibre grande da cânula de traqueostomia é apenas uma das possíveis causas deste achado.

Traqueóstomo grande para a traqueia causa comprometimento de patência

Assim, quando a cânula de traqueostomia ocupa mais de 2/3 da traqueia podemos estar diante de um comprometimento de patência por traqueóstomo grande, e isso acontece rotineiramente.

Nesta situação podemos sugerir a redução do calibre da traqueostomia e então confirmar ou não nossa hipótese. Pra ficar claro, eu faço ainda uma analogia com a caneta BIC, para que vocês possam acompanhar melhor o raciocínio.

Para passar no teste da patência, comparo a uma caneta BIC como exemplo – Motility Oral.
Comparo a uma caneta BIC como exemplo – Motility Oral.
→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

A caneta BIC: o traqueóstomo e a traqueia

Mas como seria essa analogia? Vamos imaginar que a carcaça da caneta – ou seja, onde nós pegamos – seja a nossa traqueia.  E que o refil da caneta é o nosso traqueóstomo – a cânula de traqueostomia.

A carcaça da caneta é a traqueia e, o refil, o traqueóstomo – Motility Oral.
A carcaça é a traqueia e, o refil, o traqueóstomo – Motility Oral.

Quando temos um refil – ou seja, um traqueóstomo – grande para o tamanho desta traqueia, concordam que ao ocluirmos, o ar não tem como passar entre o refil e a carcaça? Ou, dito de outro modo, entre o traqueóstomo e a parede da traqueia?

O ar não passa, ele não tem como fluir, ou seja: não tem como entrar e sair.

ao ocluir o traqueóstomo grande para a traqueia, o ar não passa – Motility Oral.
ao ocluir o traqueóstomo grande para a traqueia, o ar não passa – Motility Oral.
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O ar entra e não sai: o que causa?

Muitas vezes, escutamos o ar entrar, mas, na hora que ele vai sair, você não escuta. Isso se trata do aprisionamento, e a consequência disso pode ser um barotrauma, onde o ar entra, entra, entra mas não sai.

Esse é um dado muito importante, é uma informação de extrema relevância que nos faz interromper imediatamente o teste de patência.

Então veja, este exemplo que eu dei pra vocês é uma forma didática. Se vocês raciocinarem que não tem espaço suficiente entre o refil – que é o traqueóstomo – e a carcaça – que é a traqueia –, consequentemente este ar vai entrar e não vai sair.

Por que o ar entra e não consegue sair?

E por que o ar entra e não consegue sair? Porque a musculatura inspiratória é ativa.

Então, consequentemente, ela tem “força” para puxar o ar, mesmo havendo a redução do espaço entre o traqueóstomo e a parede da traqueia.

Entretanto, para o ar sair, a musculatura expiratória é totalmente passiva – ao menos que exerça força expiratória, trabalhando os intercostais internos e abdominais –, e não consegue, assim, ultrapassar a barreira.

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Reduzir o diâmetro do traqueóstomo para melhorar a patência de via aérea

Então, vocês conseguiram entender que quando eu digo que precisa reduzir o diâmetro do traqueóstomo, eu estou querendo dizer o seguinte: precisamos aumentar o espaço entre o refil e a carcaça.

Ou seja: precisamos ter ganho de espaço entre o traqueóstomo e a parede da traqueia, para que este ar consiga entrar e sair de uma forma que o paciente não entre em esforço respiratório e não dessature, não aumente a frequência cardíaca e, consequentemente, não cause um barotrauma.

O teste da patência é apenas um dos seis preditivos

Para finalizar: lembrem-se que o teste da patência é apenas um dos seis preditivos que nós precisamos avaliar para ver se este paciente traqueostomizado é elegível ao protocolo decanulação.

Onde posso aprender mais sobre isso?

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Além disso, você também pode ver o vídeo em que falei sobre isso aqui:

Patência de via aérea X traqueóstomo – Motility Oral
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