AVC na artéria Cerebral média

AVC na artéria cerebral média: entenda por que a prevalência

Você sabia que existe uma prevalência de AVC na artéria cerebral média em detrimento de outros locais do cérebro?

Você quer saber por que isso acontece? Afinal, qual a importância de saber sobre isso para o profissional da saúde?

Então, vamos lá!

O que é um AVC?

Um AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode ser dito como um dano no cérebro devido a interrupção da passagem de sangue por conta de um coágulo (AVC isquêmico, ou AVCi), ou o rompimento de uma artéria (AVC hemorrágico, ou AVCh).

Prevalência de AVC na artéria cerebral média

De acordo com este artigo, a prevalência de AVCi, AVCh e AVC mistos (tanto isquêmicos quanto hemorrágicos) na artéria cerebral média (ACM) é, geralmente, maior do que na artéria cerebral anterior (ACA). Por exemplo, existe uma ocorrência de 4 acidentes vasculares cerebrais mistos na ACM para 1 na ACA.

Veja abaixo, então, a prevalência de localização para AVCi, imagem tirada do mesmo artigo citado.

Prevalência da localização da artéria cerebral média em detrimento de outras para um AVCi
Prevalência da localização da artéria cerebral média em detrimento de outras para um AVCi

A importância de entender a irrigação cerebral

Para compreender por que existe uma prevalência de AVC na artéria cerebral média, é necessário dizer que, embora saibamos que não existe “caixinha” específica no nosso cérebro para cada expressão da linguagem, é importante dominarmos a IRRIGAÇÃO CEREBRAL e sua correlação com a FISIOPATOLOGIA do AVC.

Isso porque, dependendo da artéria isquemiada (AVCi) ou rompida (AVCh), pode afetar tanto estruturas corticais mas, sobretudo, subcorticais, que são consideradas nobres para a linguagem.

Então, como funciona a irrigação cerebral?

Resumidamente, o encéfalo é irrigado pelas artérias carótidas internas (sistema carotídeo / irrigação anterior – composto pelas artérias cerebral anterior e artéria cerebral média) e pelas artérias vertebrais (sistema vértebro-basilar / irrigação posterior). Desse modo, essa irrigação é muito bem elucidada pelo Polígono de Willis, de onde saem as principais artérias para a vascularização cerebral, que vislumbramos na foto adiante:

O polígono de Willis.
O polígono de Willis. Fonte: Anatomia Online

Por que, então, tem maior incidência de AVC na artéria cerebral média?

Assim, se observarmos detalhadamente esse polígono supracitado, fica evidente quando o neurologista da minha equipe, o dr. (nome do dr.), me explicou:

“É muito mais fácil um trombo ir para onde tem mais fluxo sanguíneo do que ele fazer curva e ir para onde o fluxo é menor”.

Veja que, portanto, o entendimento desta colocação depende muito do conhecimento acerca das anastomoses de irrigação encefálica.

O ramo da ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA (ACM) é mais calibroso do que da artéria cerebral anterior (ACA) e ele sai numa angulação mais reta, então para um trombo obstruir a ACA tem que fazer curva para chegar até lá, por isso que é mais comum AVC na artéria cerebral média.

Por que saber sobre isso é importante para o profissional da saúde?

Só que muito além disso, precisamos entender qual ramo da artéria cerebral média que foi comprometido, e se este ramo de irrigação prejudicou áreas nobres da linguagem e qual foi a extensão dessa lesão.

Por que isso é importante? Para sabermos propor ajustes na terapia da linguagem de um modo que o déficit seja compensado com outra função linguística.

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Referências

HILBIG, Arlete; BRITTO, Almiro; COUTINHO, Ligia M. Barbosa. Arquivos de neuropsiquiatria. 1988. Acidente Vascular Cerebral. Análise de 190 casos autopsiados. Disponível em: <https://www.arquivosdeneuropsiquiatria.org/wp-content/uploads/articles_xml/1678-4227-anp-S0004-282X1988000300007/1678-4227-anp-S0004-282X1988000300007.pdf> Acesso em: 03 de fevereiro de 2022.


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