Traqueostomia

Cufômetro caseiro: como fazer e usar? - Motility Oral.

Como fazer um cufômetro caseiro e também como usá-lo

Olá, pessoal, eu sou a Camila Pereira, da Motility Oral, e eu estou aqui para fazer um passo a passo do cufômetro caseiro e ensinar vocês a usarem. Então, vamos para os materiais?

Materiais para o cufômetro caseiro

Nós vamos, então, precisar de um esfigmomanômetro, um aparelho de pressão manual, para remover o seu manômetro, que é o relógio onde visualizamos o valor em mmHg. Dessa forma, esta é a peça que nós vamos precisar:

Vamos remover o esfigmo do aparelho de pressão – Motility Oral.
Vamos remover o esfigmo do aparelho de pressão – Motility Oral.

Além disso, também vamos utilizar um pedaço de garrote com uns três dedos, aproximadamente 5cm de comprimento:

Um pedaço de garrote com, no máximo, três dedos – Motility Oral.
Um pedaço de garrote com, no máximo, três dedos – Motility Oral.

E uma torneira descartável de 3 vias, que você encontra em qualquer loja de produtos médico-hospitalares:

Torneirinha médico-hospitalar – Motility Oral.
Torneirinha médico-hospitalar – Motility Oral.

Ela vem exatamente assim e nós vamos remover estas tampinhas. Então, são os três materiais que vamos precisar.

Como montar o cufômetro caseiro?

A montagem é simples, porque basta encaixar uma ponta do garrote no manômetro e a outra ponta em uma das 3 vias da torneira descartável, sendo que as outras 2 vias serão para encaixar uma no balonete do cuff e a outra em qualquer seringa. Assim, é exatamente nesta via aqui é onde vamos encaixar o balonete do cuff:

Encaixar os materiais na torneirinha para montar o cufômetro – Motility Oral.
Encaixar os materiais na torneirinha – Motility Oral.

O cufômetro caseiro montado

Então, aqui, ele já está montado para vocês verem:

O cufômetro caseiro montado – Motility Oral.
O cufômetro caseiro montado – Motility Oral.

Revisando, assim, aqui nós temos o esfigmomanômetro, o garrote e a torneirinha:

Onde vamos encaixar os materiais no cufômetro – Motility Oral.
Onde vamos encaixar os materiais no cufômetro – Motility Oral.

Como funciona o cufômetro caseiro? Passo a passo de como usar

Como funciona, então? Agora vamos para o passo-a-passo de como podemos insuflar o cuff com este dispositivo. Assim, observem, na imagem, que o cuff está totalmente desinsuflado e para insuflar conectaremos o manguito do balonete externo na via mais distal da torneira descartável.

Conectar o balonete do cuff no cufômetro caseiro – Motility Oral.
Conectar o balonete do cuff – Motility Oral.

Virar a mangueira para onde encaixa a seringa

Agora, você vai então girar a torneirinha de forma que aponte exatamente para o lugar onde encaixaremos a seringa:

Virar a torneira para onde encaixa a seringa do cufômetro caseiro – Motility Oral.
Virar a torneira para onde encaixa a seringa – Motility Oral.

Conectar a seringa no cufômetro

Dessa forma, virada a torneirinha, vamos colocar a seringa aqui:

Conectar a seringa no cufômetro – Motility Oral.
Conectar a seringa no cufômetro – Motility Oral.

O que acontece?

Assim, colocando o ar através da seringa, você poderá verificar o aumento da pressão no manômetro:

O ar aumenta a pressão do cufômetro caseiro – Motility Oral.
O ar aumenta a pressão – Motility Oral.

O que é preciso fazer para desconectar essa seringa do cufômetro?

Aqui é uma parte muito importante. Para desconectar a seringa sem que haja perda da pressão interna, você precisará, então, girar novamente a torneirinha travando esta via. Veja bem porque, se esquecer deste detalhe, ao desconectar a seringa, o cuff irá murchar.

O cuff vai murchar se deixar a torneirinha aberta assim – Motility Oral.
O cuff vai murchar se deixar a torneirinha  aberta assim – Motility Oral.

Fechar e desconectar

Portanto, nós precisamos fechar esta via. Fechar para então desconectar a seringa sem perda de pressão.

Desconectar o cufômetro caseiro – Motility Oral.
Desconectar o cufômetro – Motility Oral.

E agora? Posso tirar o cufômetro?

Sim. Pode tirar o cuff tranquilamente porque você já fechou a via, e desta forma a pressão se mantém:

Tirar o cuff do cufômetro tranquilamente, a pressão se mantém – Motility Oral.
Tirar o cuff do cufômetro – Motility Oral.
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Como usar o cufômetro caseiro para verificar a pressão que já está no cuff

Muito bem, então você chega no hospital e quer verificar a pressão que do cuff do seu paciente traqueostomizado.

Dessa forma, você vai pegar o seu cufômetro caseiro e o que vai fazer?

Como verificar a pressão que está o balonete do cuff

Preste atenção: lembra que, para que você possa insuflar, a torneirinha tinha que estar coincidente no lugar onde se encaixa a seringa?

Torneirinha na direção da seringa para insuflar – Motility Oral.
Torneirinha na direção da seringa para insuflar – Motility Oral.

Pois bem, agora, para verificarmos a pressão, é o oposto. Assim, repare:

Para verificar a pressão é o oposto de insuflar – Motility Oral.
Para verificar a pressão é o oposto – Motility Oral.

Encaixar o balonete no lugar e verificar a pressão

Com a torneirinha posicionada, vamos então encaixar o balonete do cuff no lugar indicado aqui:

Encaixar o balonete do cuff no lugar – Motility Oral.
Encaixar o balonete do cuff no lugar – Motility Oral.

E, assim, verificar a pressão:

Verificar a pressão no cufômetro – Motility Oral.
Verificar a pressão no cufômetro – Motility Oral.

Percebam, portanto, que ao encaixar o balonete na via indicada o ponteiro do manômetro irá subir:

A pressão do cufômetro vai subir – Motility Oral.
A pressão do cufômetro vai subir – Motility Oral.

E, dessa forma, mostrará o valor exato da pressão que foi colocada na primeira parte do experimento.

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Retomando o uso…

Então, retomando para fazer uma revisão:

Para que se insufle, nós deixamos essa pontinha em direção aonde encaixa a seringa:

Para insuflar, a pontinha em direção aonde encaixa a seringa – Motility Oral.
Para insuflar, a pontinha em direção aonde encaixa a seringa – Motility Oral.

Após insuflar, giramos então a torneira azul para travar a via e poder desencaixar a seringa sem escape de ar:

Insuflamos, viramos um pouquinho para poder desencaixar a seringa, para não vazar o ar – Motility Oral.
Insuflamos, viramos um pouquinho para poder desencaixar a seringa, para não vazar o ar – Motility Oral.

Assim, quando for apenas verificar a pressão que estava, é só virar a torneira para o lado oposto:

Para verificar a pressão com o cufômetro caseiro, virar o oposto de insuflar – Motility Oral.
Para verificar a pressão com o cufômetro caseiro, virar o oposto – Motility Oral.

Dessa forma, vire totalmente para baixo e em cima ficará livre.

Resultado final

Então é isso, pessoal! Está aqui, portanto, o nosso cufômetro caseiro para usar na ausência de um aparelho padrão. Lembrando também que no dispositivo que confeccionamos a medida será dada em mmHg.

Resultado final do cufômetro caseiro – Motility Oral.
Resultado final do cufômetro caseiro – Motility Oral.

Por que usar um cufômetro caseiro?

Porque antes um cufômetro caseiro do que nós irmos, de forma empírica, colocando e tirando pressão com o uso da seringa!

Pelo menos aqui, então, nós temos um parâmetro mais ou menos do que é esperado. Além disso, não agredimos a traqueia do paciente e trabalhamos de forma segura com os nossos pacientes traqueostomizados.

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Além disso, você também pode ver o vídeo em que falei sobre isso aqui:

Como fazer e usar um cufômetro caseiro – Motility Oral
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Por que desinsuflar o cuff de traqueostomia?

Por que devemos desinsuflar o cuff de traqueostomia?

Olá, eu sou a Camila Pereira, da Motility Oral, fonoaudióloga hospitalar, e eu estou aqui para falar de um assunto que me perguntam absurdamente: “Camila, por que eu preciso desinsuflar o cuff?”

Então, vamos aos questionamentos:

Primeiro motivo para desinsuflar o cuff

A primeira questão do porquê precisamos desinsuflar o cuff é porque ele insuflado é sinônimo de dependência exclusiva de um traqueóstomo.

Segundo motivo

A segunda questão é que o cuff desinsuflado é a etapa precursora do protocolo de decanulação.

Assim, não tem como pensar em avaliar uma patência ou até mesmo adaptar uma válvula de fala – que muitos protocolos de decanulação incluem como parte do processo – se ele não estiver desinsuflado.

Terceiro motivo

Além disso, a terceira questão – também muito importante – é que o cuff desinsuflado evita uma possível dessensibilização da região hiolaríngea.

Fatores levados em conta para desinsuflar o cuff

Portanto, esses três fatores precisam ser levados em conta durante todo o processo terapêutico. Por quê?

Porque não faz sentido um paciente que não precisa fazer uso da ventilação mecânica, não tem a necessidade de aumentar a complacência pulmonar e que não tem o volume exacerbado de secreção continuar com o cuff insuflado, não faz sentido.

→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

Desinsuflar o cuff: conduzir o paciente a uma melhor qualidade de vida

Por isso nós precisamos a todo momento levar isso em consideração, porque a falta de avaliação e de uma intervenção pontual leva o paciente a literalmente permanecer com o traqueóstomo de enfeite!

Desse modo, pensando assim, podemos, juntamente com a equipe que acompanha este paciente, conduzi-lo para uma melhor qualidade de vida.

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Quais são os preditivos para a decanulação do paciente traqueostomizado adulto?

Decanulação da traqueostomia: quais são os preditivos no paciente adulto?

Quais são os preditivos para a decanulação do paciente traqueostomizado adulto? Quais são os fatores que precisam existir para se pensar nesse protocolo?

Este é um assunto que interessa muito, tanto fonoaudiólogos quanto fisioterapeutas. E eu, Camila Pereira, fonoaudióloga hospitalar e fundadora da Motility Oral, estou aqui para conversarmos sobre esses preditivos.

Primeiro passo para ir rumo a decanulação: desinsuflar o cuff

O primeiro passo para se pensar em decanulação é: avaliar se o paciente tolera cuff desinsuflado.

Este é o primeiro pressuposto.

Então, quando você chega no caso e o paciente está com o cuff insuflado, a sua primeira direção é trabalhar no sentido de o desinsuflar.

“Ah, Camila, mas ele é muito secretivo”, “ah, Camila, ele está na ventilação mecânica”, ou “ah, Camila, ele precisa da redução do espaço morto”… Tudo que já conversamos aqui e falamos sobre isso, que não dá para desinsuflar o cuff, então você não vai trabalhar nesse sentido.

Mas, o dia que desinsuflar, aí sim vamos caminhar rumo ao protocolo de decanulação.

A partir do momento em que você conseguiu desinsuflar este cuff, dá para se pensar em entrar em um protocolo de decanulação. Contudo, nós precisamos considerar alguns preditivos. Quais são eles? Veja o seguinte:

Primeiro passo para a decanulação: observar se tem patência

Quando o cuff já está desinsuflado, o que primeiro você vai avaliar? Olhe bem: você vai ocluir a traqueo e observar a patência. Leia aqui um post que fiz sobre patência de via aérea.

Ao avaliar a patência você verificará se o ar que entra é o mesmo ar que sai, o ponto chave.

Observe a imagem de praxe do vídeo em que falei sobre isso:

Imagem de praxe para os preditivos para a decanulação – Camila Pereira, Motility Oral
Imagem de praxe para os preditivos para a decanulação – Camila Pereira, Motility Oral

Segundo preditivo para a decanulação: observar se ele tolera oclusão

O segundo ponto para a decanulação é observar se o paciente tolera oclusão. Mas, veja: tolerar oclusão é tolerar, de fato, 24h.

Isto é tolerar oclusão: é o paciente que consegue se manter estável com o traqueóstomo ocluído – lembrando que quando nós ocluímos, a tendência é só melhorar a saturação, e não piorar. Você sabe me dizer o porquê disso? Então continue lendo!

Portanto, ele precisa de fato aumentar essa saturação, isso é tolerar, permanecendo estável no período de 24h.

Não existe consenso em relação ao protocolo de decanulação, porque isso depende muito da logística de cada serviço. O tempo de oclusão pode variar de 24h, 48 ou até 72h, mas o fato é que o paciente precisa permanecer estável sob oclusão no tempo determinado, tudo bem? Porque precisa tolerar oclusão sem alterar os sinais vitais.

→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

Curiosidade: por que a saturação melhora ao ocluir o traqueóstomo?

A saturação melhora ao ocluir o traqueóstomo porque os alvéolos do pulmão de um paciente traqueostomizado é como se fossem um maracujá seco.

Quando se oclui a traqueostomia, é como se o maracujá ficasse grandão, por isso o paciente satura melhor e a oxigenação melhora.

Terceiro preditivo para a decanulação: ausculta cervical limpa

O terceiro fator para a decanulação também é de extrema importância: quando nós colocamos o esteto na região hiolaríngea, nós precisamos ter uma ausculta cervical limpa. Mas o que é isso?

A ausculta cervical limpa é o que você escuta no seu pai, no seu irmão, no seu namorado, no seu marido… É ouvir o ar entrando e saindo, inspirando e expirando… de forma bem limpa.

Se você ouvir algum ruído, algum borbulho, você vai tentar fazer as manobras de limpeza. Se não limpar, esse borbulho pode sim ser uma alteração mais importante, como uma traqueosmalácia, por exemplo.

Então, a ausculta cervical limpa é de extrema importância, também, para o protocolo de decanulação.

Quarto preditivo para a decanulação: gerenciamento de secreção

O quarto fator para a decanulação é o paciente conseguir gerenciar a secreção. Por onde está saindo essa secreção num paciente traqueostomizado? É claro que é pelo conector do traqueóstomo, correto?

A partir do momento em que você oclui esse traqueóstomo, para onde essa secreção será direcionada? Para a cavidade bucal e o paciente depura ou engole.

O fato é que ele tem que conseguir gerenciar, porque nós estamos simulando um paciente que não é mais traqueostomizado: nós vamos excluir a via e tudo tem que acontecer por cima – tanto a respiração, quanto o gerenciamento da secreção e a tosse… Tudo isso tem que acontecer por via aérea superior, não mais por via aérea inferior.

Ademais, isso também envolve você não precisar abrir para aspirar o paciente. Se for necessário abrir para aspirar, já pressupõe que ele não passou no teste da oclusão. Ele precisa conseguir gerenciar isso, precisou abrir para aspirar, é um fator negativo.

Outro fator para a decanulação: tosse eficaz

Outro fator é a tosse eficaz. Mas o que é isso? Ela é quando o paciente tosse e consegue limpar via aérea superior, se mantendo confortável e gerenciando essa secreção de forma adequada.

Então, a tosse e o gerenciamento de secreção estão intimamente relacionados.

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O calo no pé de muitos profissionais: paciente que aspira pode ser decanulado?

Outro fator que acaba sendo o calo no pé de muitos profissionais: eles esperam que o paciente não aspire absolutamente nada para pensar no protocolo de decanulação. Para isto realizam o conhecido Blue Dye Test (teste do corante azul) e esperam como resultado a ausência de corante na traqueostomia para então iniciar um protocolo de decanulação.

Veja, isso não é bem assim. Quanto pacientes comatosos nós temos, que não usam traqueostomia e não comem pela boca?

Então, não é todo paciente que precisa, de fato, usar um traqueóstomo. Se ele consegue gerenciar essa secreção, se consegue ter uma tosse eficaz, se tolera o teste da oclusão, tem uma boa patência e uma ausculta cervical limpa, qual a justificativa para manter aquele traqueóstomo ali?

Quando o traqueóstomo é removido, uma das possíveis causas do paciente aspirar será eliminada, então nós precisamos muito pensar em relação a esse fator e discutir em equipe, porque precisa haver um consenso.

Por isso, é de extrema importância avaliarmos todos esses preditivos, porque todos eles juntos vão dar segurança para o próximo passo.

A coaptação glótica como preditivo para decanulação

E, por fim, existem muitos protocolos que falam da coaptação glótica.

E como nós fazemos para os pacientes não responsivos ou afásicos que não tem como avaliar a coaptação glótica? Eles precisam ser traqueostomizados para sempre?

Não! Então eu costumo dizer que este é o único preditivo que pode falhar, ou seja, ele é relativo.

A partir do momento em que você oclui a cânula e o ar passa, você subentende que não tem, por exemplo, uma paralisia de pregas vocais em adução, porque o ar está passando.

Então, devemos considerar a segurança de via aérea para pensarmos se vale a pena ou não ocluir este traqueóstomo e caminhar para o protocolo de decanulação.

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E pacientes não responsivos? Podem ser decanulados?

O que existe de pacientes que microaspiram saliva – traqueostomizados ou não –, e o fonoaudiólogo entra, no caso, com medidas xerostômicas, ou com gerenciamento de secreção de frequência de deglutição, justamente por isso, não é mesmo?

Então, não é porque ele aspira, que ele não pode ser decanulado. Uma coisa é respirar pelo nariz, outra, bem diferente, é comer por boca. Porque decanular um paciente não responsivo não significa que você irá alimenta-lo por via oral.

O que existe de pacientes que microaspiram saliva, e o fonoaudiólogo entra, no caso, com medidas xerostômicas, ou com gerenciamento de secreção de frequência de deglutição, justamente por isso.

Mas, pelo menos, ao retirar a cânula nós vamos eliminar um dos fatores causais dessa aspiração, além de favorecer um conforto para o paciente.

Quem conhece o meu trabalho sabe o número de pacientes não responsivos que decanulamos no nosso serviço.

Eles não são responsivos, não engolem bem… Mas eles conseguem ter gerenciamento dessa secreção, ter tosse, conseguem manter a via aérea superior pérvia, sem nenhuma secreção, nenhum resíduo, com boa patência e se mantêm bem e estáveis, respirando pelas narinas.

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Considerações finais

Para finalizar, este é um assunto que, embora as informações iluminem, é preciso de muita expertise clínica, muita experiência na área, para conseguir lidar com todos esses preditivos, juntamente com a equipe multi, e irem rumo a tão sonhada decanulação.

Também é importante ressaltar que eu falei os preditivos para o adulto, já que eu não trabalho com crianças.

Espero ter contribuído. Deixe um comentário se você gostou do conteúdo!

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Preditivos para decanulação – Motility Oral
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Cuff de traqueostomia: quais são as funções? - Motility Oral

Cuff de traqueostomia: entenda quais são as suas funções

Olá, pessoal. Eu sou a Camila Pereira, da Motility Oral, fonoaudióloga hospitalar, e estou aqui para responder uma pergunta que me fazem rotineiramente no meu Instagram: “Camila, quais são as funções do cuff de traqueostomia?”

Então, vamos lá?

A primeira função do cuff de traqueostomia

Quando nós temos um traqueóstomo com o cuff insuflado, significa que o balonete cheio de ar estará impedindo o ar de passar para a via aérea superior. Então, aqui nós temos as pregas vocais:

Quando o cuff da traqueostomia está insuflado, o ar que vem dos pulmões não consegue ultrapassar e chegar nas pregas vocais – Motility Oral.
Quando o cuff está insuflado, o ar que vem dos pulmões não consegue ultrapassar e chegar nas pregas vocais – Motility Oral.

Quando o cuff está insuflado, este ar que vem aqui dos nossos pulmões não consegue ultrapassar e chegar nas pregas vocais.

Uma das primeiras funções do cuff de traqueostomia, então, é: vedar a via aérea para ventilar o paciente – em ventilação mecânica. Assim, para ventilar adequadamente o paciente não podemos ter escape de ar ou caso contrário o aparelho disparará um alarme sonoro.

Assim, esta é a primeira função: vedar a traqueia para que não haja escape do ventilador.

Segunda função do cuff de traqueostomia

Segunda função do cuff de traqueostomia: vamos imaginar que nós temos muita secreção adentrando o vestíbulo laríngeo.

Tem muita secreção adentrando o vestíbulo laríngeo – Motility Oral.
Vamos imaginar que tem muita secreção adentrando o vestíbulo laríngeo – Motility Oral.

Eu sempre digo: uma coisa é conter enxurrada, outra coisa é conter goteira.

Assim, se o meu cuff estiver insuflado, consequentemente eu vou estar diminuindo aquela aspiração maciça que poderia adentrar no pulmão.

→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

Veja: eu estou minimizando, mas eu não estou eliminando. Como é a nossa traqueia? Cheia reentrâncias, os anéis traqueais:

Nossa traqueia são os anéis traqueais – Motility Oral.
Nossa traqueia são os anéis traqueais – Motility Oral.

Dessa forma, se eu tenho um cuff aqui consequentemente na reentrância do meu dedo a secreção consegue vazar e adentrar o pulmão, isso porque o cuff não veda hermeticamente a traqueia.

A secreção consegue vazar pelos anéis traqueais e adentrar o pulmão – Motility Oral.
A secreção consegue vazar pelos anéis traqueais e adentrar o pulmão – Motility Oral.

Assim, de qualquer maneira o paciente estará aspirando. Pois a partir do momento que a secreção passou o nível das pregas vocais, consideramos aspiração, tudo bem? Porque a nossa cânula de traqueostomia está posicionada abaixo das pregas vocais, portanto se passou a prega vocal aspirou, então eu só vou estar minimizando o aspirado.

Terceira função do cuff

Assim, a terceira função é a seguinte: lembra que eu disse pra vocês que, quando o cuff está insuflado, o ar não passa lá para cima, para a via aérea superior?

O que acontece, então? Tem muito paciente que precisa do cuff insuflado para diminuir o espaço morto – fonoaudiólogo que fala assim, fisioterapeuta não gosta muito desse termo, mas o que eu estou querendo dizer? Uma coisa é você respirar do nariz até os pulmões, outra coisa é você respirar da traqueia até os pulmões.

Dessa forma, o que aumenta mais a complacência pulmonar? É respirar pela redução do espaço morto, você está otimizando a chegada desse ar, ou seja: favorecendo mais rápido com que esse ar adentre nos pulmões.

Então, essa é a terceira função.

E quando desinsuflamos o cuff deste paciente?

O que acontece quando nós desinsuflamos o cuff de um paciente que tem a necessidade de reduzir este espaço morto?

Ele começa a dessaturar, começa a ficar taquipneico, começa a relatar cansaço, falta de ar… Então, você vê que o paciente descompensa.

Portanto, se este paciente não está na ventilação mecânica e ele não tem uma secreção maciça, obviamente você vai pensar que ele está precisando da “redução do espaço morto”.

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Qual é o objetivo final do fonoaudiólogo?

Eu sempre falo: o que o fonoaudiólogo precisa? Pois ele precisa desinsuflar o cuff.

E mesmo nos paciente em ventilação mecânica nós temos alternativa para favorecer essa passagem de ar pelas pregas vocais mantendo a boa ventilação, e esta seria a adaptação de uma válvula de fala. Mas este assunto conversaremos num próximo post. 

Revisando as funções do cuff de traqueostomia

Então, revisando as funções do cuff de traqueostomia:

  • Vedar a traqueia para favorecer a ventilação mecânica através da pressão positiva
  • Minimizar aspiração maciça
  • Reduzir o espaço morto, melhorando a complacência pulmonar

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Comprometimento de patência de via aérea: por que acontece? O que tem a ver a caneta BIC com o protocolo de decanulação da traqueostomia?

Comprometimento de patência de via aérea: por que acontece?

Um dos requisitos para o paciente conseguir se ver livre de um traqueóstomo – ou seja, ser decanulado – é: ele precisa ter patência de via aérea. Mas o que é isso?

Então, continue lendo para descobrir!

O que é a patência de via aérea?

Patência de via aérea diz respeito a passagem livre e desobstruída do fluxo de ar dos pulmões até a boca e o nariz.

No paciente traqueostomizado, avaliamos a patência ocluindo com nossos dedos a cânula de traqueostomia. Nesta condição, o paciente, com boa patência, deve ser capaz de tolerar a oclusão sem sinais de desconforto.

No momento do teste de oclusão, utilizamos também um estetoscópio, o qual nos possibilitará ouvir o fluxo de ar tanto na inspiração quanto na expiração. Então, em caso de não conseguirmos ouvir este ar “entrando e saindo”, devemos pensar que este paciente pode ter comprometimento da patência de via aérea.

Uma causa do comprometimento de patência

Uma dentre as várias causas do comprometimento de patência de via aérea é quando nós temos um traqueóstomo grande para o tamanho daquela traqueia.

Clinicamente podemos fazer suposições do que pode estar comprometendo a patência, e vale ressaltar que o calibre grande da cânula de traqueostomia é apenas uma das possíveis causas deste achado.

Traqueóstomo grande para a traqueia causa comprometimento de patência

Assim, quando a cânula de traqueostomia ocupa mais de 2/3 da traqueia podemos estar diante de um comprometimento de patência por traqueóstomo grande, e isso acontece rotineiramente.

Nesta situação podemos sugerir a redução do calibre da traqueostomia e então confirmar ou não nossa hipótese. Pra ficar claro, eu faço ainda uma analogia com a caneta BIC, para que vocês possam acompanhar melhor o raciocínio.

Para passar no teste da patência, comparo a uma caneta BIC como exemplo – Motility Oral.
Comparo a uma caneta BIC como exemplo – Motility Oral.
→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

A caneta BIC: o traqueóstomo e a traqueia

Mas como seria essa analogia? Vamos imaginar que a carcaça da caneta – ou seja, onde nós pegamos – seja a nossa traqueia.  E que o refil da caneta é o nosso traqueóstomo – a cânula de traqueostomia.

A carcaça da caneta é a traqueia e, o refil, o traqueóstomo – Motility Oral.
A carcaça é a traqueia e, o refil, o traqueóstomo – Motility Oral.

Quando temos um refil – ou seja, um traqueóstomo – grande para o tamanho desta traqueia, concordam que ao ocluirmos, o ar não tem como passar entre o refil e a carcaça? Ou, dito de outro modo, entre o traqueóstomo e a parede da traqueia?

O ar não passa, ele não tem como fluir, ou seja: não tem como entrar e sair.

ao ocluir o traqueóstomo grande para a traqueia, o ar não passa – Motility Oral.
ao ocluir o traqueóstomo grande para a traqueia, o ar não passa – Motility Oral.
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O ar entra e não sai: o que causa?

Muitas vezes, escutamos o ar entrar, mas, na hora que ele vai sair, você não escuta. Isso se trata do aprisionamento, e a consequência disso pode ser um barotrauma, onde o ar entra, entra, entra mas não sai.

Esse é um dado muito importante, é uma informação de extrema relevância que nos faz interromper imediatamente o teste de patência.

Então veja, este exemplo que eu dei pra vocês é uma forma didática. Se vocês raciocinarem que não tem espaço suficiente entre o refil – que é o traqueóstomo – e a carcaça – que é a traqueia –, consequentemente este ar vai entrar e não vai sair.

Por que o ar entra e não consegue sair?

E por que o ar entra e não consegue sair? Porque a musculatura inspiratória é ativa.

Então, consequentemente, ela tem “força” para puxar o ar, mesmo havendo a redução do espaço entre o traqueóstomo e a parede da traqueia.

Entretanto, para o ar sair, a musculatura expiratória é totalmente passiva – ao menos que exerça força expiratória, trabalhando os intercostais internos e abdominais –, e não consegue, assim, ultrapassar a barreira.

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Reduzir o diâmetro do traqueóstomo para melhorar a patência de via aérea

Então, vocês conseguiram entender que quando eu digo que precisa reduzir o diâmetro do traqueóstomo, eu estou querendo dizer o seguinte: precisamos aumentar o espaço entre o refil e a carcaça.

Ou seja: precisamos ter ganho de espaço entre o traqueóstomo e a parede da traqueia, para que este ar consiga entrar e sair de uma forma que o paciente não entre em esforço respiratório e não dessature, não aumente a frequência cardíaca e, consequentemente, não cause um barotrauma.

O teste da patência é apenas um dos seis preditivos

Para finalizar: lembrem-se que o teste da patência é apenas um dos seis preditivos que nós precisamos avaliar para ver se este paciente traqueostomizado é elegível ao protocolo decanulação.

Onde posso aprender mais sobre isso?

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Além disso, você também pode ver o vídeo em que falei sobre isso aqui:

Patência de via aérea X traqueóstomo – Motility Oral
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