Aprenda aqui tudo sobre a classificação das afasias: nomenclatura, definições de cada uma delas, parafasias, paralexias literais…
Continue lendo para saber!
Classificação das afasias: nomenclatura e tipos
A afasia é uma síndrome que tem nomenclatura própria, inerente a ela, por exemplo:
- As parafasias, na emissão oral;
- A paragrafia, na escrita;
- E a paralexia, na leitura.
Então, é inerente, uma nomenclatura própria característica das afasias.
Classificação das afasias: alterações
Essas alterações podem vir combinadas ou isoladas. Mas o que é isso, Camila?
Eu posso ter um paciente com alteração na escrita, mas não na leitura; ou ele pode ter uma alteração de fala, mas escrever. Estão entendendo?
Então podemos ter alteração em todos os aspectos, pensando na afasia global, ou não; podemos ter processamentos preservados e alterados.
Classificação das afasias: parafasias
Vamos falar um pouco agora então sobre as afasias na emissão oral, ou também chamadas de parafasias.
Classificação das afasias: parafasia fonética
Quando nós pensamos em emissão oral, a primeira se refere a parafasia fonética. Mas isso se refere a quê?
A som. Então, é muito simples: no discurso do paciente, nós observaremos distorções do som, caracterizando a parafasia fonética.
Você entende a palavra, mas ela vem distorcida.
Exemplo de parafasia fonética
Então, ela pode vir num ritmo alterado como, por exemplo, ele quer falar “rato”, e ele fala “raaato”.
O ritmo está alterado, ela tem uma distorção: você entende a palavra, mas ela está distorcida.
Parafasia fonêmica ou fonológica
O que seria a parafasia fonêmica ou fonológica? Pode anotar aí.
Nesse caso, é quando o paciente troca um som, um fonema.
Por exemplo, ele vai falar “garrafa”, mas ele fala “tarrafa”, ele troca.
Observação importante sobre parafasia fonêmica ou fonológica
E uma observação muito importante: nesta troca, ele forma uma não-palavra.
Só que essa não-palavra – é super importante o que vou dizer agora – eu consigo identificar – por exemplo: garrafa, tarrafa –, mas desde que eu tenha o estímulo alvo que eu estou avaliando.
Exemplo de parafasia fonêmica ou fonológica
Então, vamos imaginar que eu estou fazendo uma prova de nomeação e a minha garrafa está lá.
Eu sei que o estímulo alvo é “garrafa”, e eu sei que ele falou “tarrafa”.
Assim, teve o predomínio de mais de 50% da palavra alvo e formou uma não-palavra.
Então, eu sei que é uma parafasia fonêmica ou fonológica, certo?
Classificação das afasias: neologismo
Vamos passar para o próximo: neologismo.
O neologismo é uma não-palavra, por exemplo, o paciente fala: “lareca”, “bufam”, é uma não-palavra.
Exemplo de neologismo
Só que essa não-palavra não tem correlação alguma nem com a duração e nem com as próprias vogais da palavra, por exemplo, “garrafa”.
Vamos supor que estamos em uma prova de nomeação, e eu pergunto: “O que é isso?”, mostrando a garrafa. E então , ele fala “lareca”, “mufem”… Enfim, fala outra coisa que não tem nada a ver.
Então, nesse caso, é neologismo.
Parêntesis: qual a diferença de neuologismo e parafasia fonêmica?
Mas você pode me perguntar: “Mas Camila, se você falou que o neologismo é uma não-palavra, uma pseudopalavra, uma palavra que não existe, e você falou também que o resultado da parafasia fonêmica é uma não-palavra, então como é que eu vou saber quando é uma ou a outra?”
É muito simples.
Porque, se você sabe a palavra alvo e observa que ela está muito semelhante com ela, mesmo sendo uma não-palavra, você sabe que é parafasia fonêmica.
Porém se, agora, você vir que ela não tem nada a ver em duração, em sílabas, em correlação com a vogal, enfim, não tem nada a ver, você sabe que se trata de um neologismo.
Classificação das afasias: parafasia formal
Agora, a parafasia formal.
A parafasia formal, como o próprio nome já diz, fala a respeito de forma. Eu gosto muito de fazer associação para nunca esquecer. Então, continue lendo.
Exemplo de parafasia formal
A palavra que o paciente fala é muito parecida com a palavra alvo, o que acontece?
Ela se assemelha tanto na forma quanto fonologicamente.
Então, imagine:
- Fanta, anta;
- Martelo, marmelo.
E você observa que estas palavras existem? São palavras que existem, mas que não tem correlação semântica com o estímulo alvo.
Entretanto, elas se assemelham tanto na forma quanto nessa função distintiva.
Assim, fonologicamente, elas são muito parecidas.
Isso é a parafasia formal.
Parêntesis: consideração importante sobre essas parafasias citadas
Isso é importante: tanto a parafasia fonêmica ou fonológica, neologismo e a parafasia formal, apontam para uma ruptura fonológica, ou seja, para erros fonológicos.
E essa informação é importante para que no momento do mapeamento linguístico segundos os modelos de processamento, você consiga uma pista valiosa, uma suspeita de que a falha é fonológica, o que fará muita diferença no direcionamento clínico do caso.
Então, vamos continuar com as parafasias.
Classificação das afasias: parafasia verbal
Na parafasia verbal, você também troca por uma palavra existente na língua.
Então, por exemplo: você mostra “maçã”, e o paciente fala “gato”.
É uma palavra que existe, mas ela não tem semelhança nem quanto à forma, nem quanto a distinção fonológica, ela de fato não tem correlação alguma, tá bom?
Diferença entre parafasia formal e parafasia verbal
A parafasia formal o próprio nome diz: se assemelha quanto a forma e a fonologia dela, tá certo? Você também fala uma outra palavra que existe na sua língua, mas esta terá semelhança quanto a forma. Por exemplo:
- Fivela, vela;
- Anta, fanta;
- Martelo, marmelo.
Já na verbal, você troca por uma outra palavra, também existente na língua, mas que não tem nada a ver quanto a forma e características fonológicas.
Além disso, nem sempre as palavras rimam, mas é importante dizer que muitas vezes sim, então tem que ter um raciocínio clínico adequado nessas avaliações.
Qual você acha que é pior: parafasia formal ou parafasia verbal?
Então, qual você acha que é pior?
Olha, a parafasia verbal indica para nós uma ruptura léxico-semântica muito grande.
Porque no modelo o léxico está de um lado, e o semântico está do outro. E quando você mostra o estímulo alvo, ele fala uma palavra que existe, mas que não tem nenhuma correlação nem quanto a forma, nem quanto a distinção fonológica, algo que realmente não tem nada a ver.
Então, ela é muito pior.
Parafasia morfêmica e exemplos
Na parafasia morfêmica, o paciente substitui os morfemas da palavra.
Então, por exemplo:
- Menino, menina;
- Pintor, pinteiro.
Assim, você está vendo o que é morfema?
Exemplo real de um caso de parafasia morfêmica
Há uns dias, eu estava com um paciente, e ele estava querendo falar “casamento”. Porém, ele falou “contentamento”.
Então, com base no contexto do discurso naquele momento, a única alternativa para classificar aquela manifestação dele foi uma parafasia morfêmica.
Parafasia semântica e exemplos
A parafasia semântica é a mais fácil. Você substitui a palavra por outra do mesmo campo semântico.
Então, por exemplo:
- Lápis, caneta;
- Blusa, camisa;
- Short, saia.
É a mais fácil.
Pronto, nós terminamos o que está a nível de emissão. Mas nossa conversa ainda não terminou, então continue lendo.
Classificação das afasias: paralexias literais
As paralexias literais acontecem na leitura e na escrita, não na emissão oral.
Na literal, ele tem uma alteração na decodificação da entrada visual. Então, o que seria isso?
Assim, isso significa que o paciente enxerga outra letra.
E então? Exemplos de paralexias literais
É como se ele decodificasse aquela letra de forma errada.
Então, por exemplo, ele vai ler “lápis”, mas ele fala “tápis”.
Dessa forma, é uma paralexia literal.
Mas como eu sei onde está a falha?
E como eu sei onde está a falha? Isso é muito importante para conversarmos.
Eu tenho dois posts sobre isso:
- Um sobre intersecção das falhas nas provas – clique aqui para ler;
- Outro sobre como diferenciar as paralexias literais e fonêmicas – clique aqui para ler.
Conclusão da paralexia literal
O que eu quero que você entenda é que, na paralexia literal, ele troca. Ele não decodifica corretamente aquela letra que ele está lendo.
Está lá: “G”, mas ele fala “T”.
Então, é uma decodificação errada de grafema.
Onde posso aprender mais sobre isso?
Como você deve saber, eu estou no Instagram como Motility Oral (@motilityoral) – clique aqui para ver.
Mas, o que você talvez não saiba, é que tenho um perfil em que falo especificamente sobre afasia.
Siga-me no Motility Oral Afasia (@motilityoral.afasia) para saber mais sobre afasia, porque eu estou sempre falando sobre isso por lá!
Portanto, fique por dentro!