Certa vez, perguntaram-me: “Camila, você pode enfatizar os pontos dos toques na cavidade oral na ETTG?” Acontece que, antigamente, dizia-se que nós tínhamos que estimular pilares amigdalianos na ETTG.
Mas será que isso é verdade? Então, vamos falar sobre isso?
Antigamente, estimulava-se pilares na ETTG
Quem é mais antigo na disfagia sabe que, antigamente, ensinava-se pegar aquele espelho de dentista nº00, depois veio o advento do boleador, deixar mergulhado no estímulo gelado (água com bastante gelo) e então estimular pilares amigdalianos com o toque gelado deste instrumento.
Mas isso caiu por terra!
O estudo da Luciana Passuello sobre deglutição
Nossa colega de profissão, Luciana Passuello, fez um estudo para a sua tese de doutorado, e nele ela mostrou que cada paciente tem a reação da deglutição disparada em um ponto: tem pessoas que desencadeiam em valécula, outras em transição faringoesofágica… Dessa forma, cada um vai desencadear a reação da deglutição em um lugar.
Então, não faz sentido ficar estimulando pilares!
Qual seria o sentido de estimular pilares?
Assim, uma vez já comprovado que cada pessoa dispara a reação da deglutição em um determinado ponto, realmente não faz sentido estimular pilares amigdalianos com objetivo de desencadear deglutição.
Então, o único sentido de estimular pilares seria visualizar a elevação de véu palatino e a mobilidade de parede da faríngea, nada mais.
Como eu faço para estimular, então?
Então, como eu, Camila, faço? Eu posso, um dia, gravar um IGTV e colocar salvo no Instagram pra vocês verem melhor, mas basicamente eu entro com a colher de metal embebida no sabor em região de vestíbulos, estimulo de um lado, viro a colher, vou para o dorso da língua, faço uma pressão e retiro o utensílio auxiliando o selamento labial.
Isso para paciente não responsivo, viu? Eu tenho aqui um post só sobre pacientes não responsivos.
Dessa forma conseguimos estimular toda a cavidade oral e não somente determinado ponto.
Sem estimular pilares: ETTG na prática
Então, eu vou para vestíbulo, viro, faço pressão em dorso de língua e aí saio sempre com o lábio pressurizado. Lembrando que, além disso, para conseguirmos ter uma dinâmica boa da deglutição, precisamos de pressurização, o que inclui selamento labial.
Por isso sempre, ao retirar um estímulo, caso o paciente esteja com a boca aberta, nós ajudamos assim:
Retirando o estímulo, porque o paciente precisa ter contato bilabial.
Onde posso aprender mais sobre isso?
Siga-me no Instagram, Motility Oral (@motilityoral), para saber mais sobre ETTG. Eu sempre estou falando sobre isso por lá! Fique por dentro!
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Referências
VALE-PRODOMO, Luciana Passuello do. Caracterização Videofluoroscópica da Fase Faríngea da Deglutição. 2010. Tese (Doutorado em Ciências em Oncologia) – Fundação Antônio Prudente, São Paulo, 2010.