ETTG para pacientes não responsivos.

ETTG para pacientes não responsivos na fono hospitalar: entenda tudo

Olá, pessoal, eu sou a Camila Pereira, fonoaudióloga hospitalar da Motility Oral, e já me fizeram diversas perguntas sobre ETTG (Estimulação tátil térmica gustativa) para pacientes não responsivos.

Por isso, trouxe este post aqui para responder as dúvidas de vocês, respectivamente: a importância da memória gustativa, ETTG para pacientes com disfagia severa, e por onde deve-se iniciar a estimulação em pacientes não responsivos – que explico detalhadamente com exemplos.

Então, vamos lá?

A importância da memória gustativa para a ETTG em pacientes não responsivos

Certa vez me perguntaram: “Na parte gustativa, geralmente priorizo o sabor de preferência do paciente e vejo resultados. Você prioriza ou não?”

Sim, toda a vida!

Porque a memória gustativa é de extrema importância para o paciente responder.

O dia em que peguei um jovem TCE muito grave

Eu nunca vou esquecer desta história: eu trabalhei durante três anos no setor de neurologia da Santa Casa, e uma vez eu peguei um jovem TCE muito grave.

E este paciente não estava respondendo aos meus estímulos dentro da UTI.

Coincidiu o horário de visita da família bem quando eu estava lá, então eu perguntei para a mãe o que ele gostava de comer. Pois ela falou: Coca-cola e tereré.

Tereré dificultava um pouco no ambiente, mas Coca-cola era fácil. Então, eu pedi autorização para os médicos e eles me liberaram.

Pessoal, que incrível! Daquele dia em diante, que resposta!

Precisamos priorizar a memória gustativa na ETTG para pacientes não responsivos

Por isso, eu não tenho dúvidas que a memória gustativa tem um potencial. Por quê?

Porque você usa a intenção, e ela tem evidência científica. Assim, quando você usa o comportamento do paciente, a intenção, é prazeroso, logo o cérebro brilha mais.

Então, não resta dúvida que, de fato, nós precisamos priorizar a memória gustativa.

Se você odeia curau…

Pense bem: você odeia curau, e já está fragilizado. Vem uma fono e coloca curau na sua boca.  Você vai querer engolir? Não, não vai.

Pois você já está com rebaixamento de sensibilidade e ainda colocam um negócio que não te dá o mínimo de prazer!

Então, memória gustativa para ETTG? Sempre!

→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

Paciente com disfagia severa: faz-se ETTG?

Além disso, perguntaram-me, neste mesmo dia, sobre um paciente com sonda nasoenteral, disfagia severa e deglutição de saliva: faz-se ETTG?

Então, é mais ou menos o que eu respondi ali atrás: sempre.

ETTG para pacientes não responsivos com Glasgow muito baixo

Há 10 anos, quando eu comecei na disfagia, quando você via um paciente Glasgow 6, você nem tocava nele, você esperava o paciente acordar, responder a comandos, para você pensar em entrar no caso.

Imagina! Não existe mais isso. Mas é que, infelizmente, eu não posso mostrar em redes sociais caso nenhum, mas os meus alunos sabem: chega o paciente Glasgow lá no chão, traqueostomizado, com gastro, não fala… (Clique aqui e saiba mais sobre como se tornar meu aluno!)

E então entramos com todos os estímulos de ETTG: face, boca, inclusive pé e mão – porque aparece no Homúnculo de Penfield, que eu já falei neste post aqui (clique aqui para ler).

Utilizando o Homúnculo de Penfield

Eu atendo os meus pacientes em uma cadeira, peço para colocar estímulo na sola dos pés. Tem família que é excelente! Porque eles alternam esses estímulos dia a dia. Alternam com o quê?

Um dia colocam farinha de trigo, outro dia sagu, outro dia milho de pipoca… Por quê? Porque no Homúnculo de Penfield aparece pé!

Então, consequentemente precisamos sim utilizar o estímulo na sola dos pés.

A nossa finalidade é representação cortical, mais nada, porque acreditamos que isso nos dará resposta.

Por que usar ETTG para disfagia severa?

Então, sempre utilizaremos ETTG para pacientes não responsivos, em casos de disfagia severa.

Sempre estimular, porque é estimulando que ele melhora, é deglutindo que ele volta a deglutir.

Portanto, se ele tem sintoma, que bom que ele tem! Está sentindo!

E se o paciente não tiver nenhum sintoma?

O duro é quando ele nem tosse e não faz nada, pode ser até mais problema, um ponto de interrogação gigante, depende de uma expertise clínica maior nossa.

Quando você está dando comida e não dá nenhuma tosse, então você desconfia.

O paciente na fase aguda, você começa a estimular e não dá nenhuma tosse? É preocupante, porque isso não é normal.

Nós sabemos que o paciente na fase aguda está com alteração sensorial, então se ele não tosse, pode ser um comprometimento mais grave.

Se ele está tossindo, é lindo! Eu sempre falo: que lindo que ele está tossindo! Tem que está sentindo. Então, para mim, é um parâmetro maravilhoso.

→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

Por onde devo iniciar as estimulações de ETTG em pacientes não responsivos?

Ademais, também me perguntaram: “Em paciente não responsivo, com nível de consciência mínima, por onde devo iniciar as estimulações?”

Então, vamos lá!

Estímulos intraorais e extraorais

Eu falei neste post aqui (clique aqui para ler) que para cada estímulo intraoral, tem um toque extraoral.

Então, sempre existem alguns estímulos que eu faço: quando você, por exemplo, entra com a escovinha aqui com uma temperatura quente e salgado. Veja:

Para cada estímulo intraoral, tem um toque extraoral – ETTG, Motility Oral.
Para cada estímulo intraoral, tem um toque extraoral – Motility Oral.

Na hora que você tira, se ele não dá reação nenhuma, basta você fazer alguns movimentos extraorais. Dessa forma, eu faço quatro, vou alternando estes seguintes movimentos – toque extraoral, para ter uma representação intraoral:

Primeiro movimento de toque extraoral

Segura e solta:

Primeiro movimento de toque extraoral – ETTG para pacientes não responsivos, Motility Oral.
Primeiro movimento de toque extraoral – Motility Oral.

Segundo movimento

O outro é este, com movimentos circulares começando indo para cima:

Segundo movimento de toque extraoral – ETTG para pacientes não responsivos, Motility Oral.
Segundo movimento de toque extraoral – Motility Oral.

Assim, segura e solta.

Terceiro movimento

O próximo:

Terceiro movimento de toque extraoral – ETTG Motility Oral.
Terceiro movimento de toque extraoral – Motility Oral.

Aperta. Dessa forma, segura e solta.

Último movimento de toque extraoral

E, portanto, por último, este:

Quarto movimento de toque extraoral – ETTG Motility Oral.
Quarto movimento de toque extraoral – Motility Oral.

O outro é este, com movimentos circulares começando indo para cima:

Resultado desses movimentos

Ao fazer os estímulos, até eu engoli! Claro, quando não temos alterações, então engole mesmo.

Mas, enfim, quando você coloca o estímulo em um paciente não responsivo, automaticamente, se você der esses estímulos extraorais, ele acaba engolindo.

Então, se você alternar estímulo intraoral com um toque extraoral, consequentemente ele começa a responder.

→ Saiba mais sobre Fono Hospitalar com estes artigos:  

Sobre estimular pilares amigdalianos na ETTG

Também me perguntaram sobre estimulação de pilares amigdalianos, mas eu tenho um post em que falo só sobre isso.

Você pode lê-lo clicando aqui.

Onde posso aprender mais sobre isso?

Siga-me no Instagram, Motility Oral (@motilityoral), para saber mais sobre ETTG. Eu sempre estou falando sobre isso por lá! Fique por dentro!

Instagram da Motility Oral – ETTG e fono hospitalar.
Meu instagram da Motility Oral, onde falo sobre ETTG e outros assuntos relacionados a fono hospitalar.

Clique aqui para ler tudo sobre ETTG!

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